segunda-feira, 11 de março de 2013

Sob a Marca do Dragão - Cap. 8 (parte 1 de 2)


Quando chegaram ao bosque sagrado, Diana pediu respeitosamente ao Espírito do Lugar para entrar. Apesar de o fazer em silêncio deixou os seus pensamentos a descoberto, convidando Rafael a fazer o mesmo. 
Ao chegarem à cabana, a porta abriu-se, uma vez mais, sem ser necessário bater. Selénia olhou-os e esboçou um leve e sereno sorriso. Diana gostava do seu sorriso.

- Diana. – ela disse num cumprimento, sinalizando-lhe que entrasse.
Rafael olhava-a curioso e Selénia correspondia.
- Tomei a liberdade de trazer companhia. Rafael...
- ...em cujo sangue corre magia e determinação. – terminou Selénia.

Perante a expressão surpresa de Rafael, esta continuou.
- Posso sentir ambos.
- Falei-vos de Rafael. – disse Diana.

O olhar de Selénia continuava fixo em Rafael e este decidiu revelar a sua marca, deixando-a surgir no seu rosto, como se esta esperasse que ele o fizesse.
- Ah... o portador do Dragão do Sol! – Selénia acrescentou. O sorriso tinha desaparecido das suas feições e a curiosidade intensificara-se no seu olhar.

- Soube que Belchior é meu avô! – acabou por dizer Diana, já no interior da cabana.
O interesse de Selénia foi subitamente transferido para Diana, aproximando-se desta.
- O guardião de que falaste?
- Sim.
- Senta-te e conta-me – disse Selénia.

Ambas se sentaram junto do lume aceso e Rafael permaneceu de pé no mesmo sítio, logo à entrada, de braços cruzados, olhando-as e ao espaço em volta.
- Soube que o seu desaparecimento está envolto em mistério e preciso de saber o que aconteceu, encontrá-lo! ...Se for possível!
- E como soubeste? Por Rafael?...
- Sim, finalmente consegui encontrá-lo e ele acabou por contar-me o que sabe.
- E o que sabe Rafael? – perguntou Selénia olhando-o com uma expressão grave.
- A história que existe entre os nossos dragões!...
- Podeis contar-me essa história?

Diana anuiu e contou tudo aquilo que ouvira de Rafael. Este permaneceu o tempo todo em silêncio. Diana tinha acabado de contar o que tinha descoberto e Selénia parecia algo incomodada.
- Mais alguma coisa? Sobre a profecia, os teus pais...?
- Nada mais sei. Como gostava de chegar ao fim desta questão de uma vez!

Rafael estranhava algo naquela mulher que olhava Diana como se esperasse ouvir mais revelações. Não se tinha atrevido a aproximar-se dela ou da sua mente - que poderes teria? Mas estava agora disposto a fazê-lo. Assim que procurou ouvir os seus pensamentos, ela olhou de súbito para si como se o percebesse. Seria?

«- O que queres?» – ele ouviu-a na sua mente.
Estava certo que ela tinha percebido a sua tentativa. Respondeu-lhe da mesma forma, na sua mente.
«- Ajudar...!?»
«- Diana?»
«- ...Quero ajudá-la a descobrir a verdade.»
«- Ah... a verdade das diversas faces. E que face queres que ela descubra?»
Rafael sentiu-se desconcertado.
«- Que diversas faces são essas?»
Do outro lado apenas silêncio. Rafael deu uns passos na direcção de ambas, insistindo com Selénia.
«- De que falais? Só conheço uma verdade!»
«- Estás certo disso?»

Antes que Rafael conseguisse responder, Selénia voltou a falar para Diana, resgantando-a de seus pensamentos.
- O que pensas desta história?
- O que posso pensar?
- O que te diz a tua intuição?
-  Que há muito por descobrir!?... Que há mais para além das evidências!

Selénia segurou a mão de Diana carinhosamente.
Rafael sentia que havia algo que não conseguia descortinar, embora lhe parecesse poder confiar em Selénia. Ela parecia nutrir verdadeiro afecto por Diana e isso parecia dar-lhe alguma segurança, mesmo que não soubesse explicar porquê.

- Vieste contar-me? – acabou por perguntar Selénia.
- Vim pedir-vos ajuda! Preciso de encontrar Belchior, saber o que aconteceu! Preciso de compreender o que me tem acontecido, aprender a controlar a magia do Dragão da Lua!...
- E que ajuda necessitas de mim? – perguntou de forma serena como se procurasse acalmar Diana.
- Por favor, voltai a chamar a mim a Visão!
Selénia olhava-a séria. Olhou Rafael e voltou a olhar para Diana.
- Em breve será o Samhuin, a altura ideal para pedir a ajuda de minha mãe, meu pai... e talvez do meu avô!

2 comentários:

S* disse...

Escreves mesmo bem... tens talento!

Sofia Morgado disse...

Muito obrigada S*! :)
Estou sempre a fazer correcções, pois acho que não escrevo metade do que penso e depois faltam pormenores para quem lê! :P Mas é bom saber que alguém gosta de "nos" ler! ;)

Beijinhos de boa semana!
Sofia